segunda-feira, 26 de setembro de 2011
desentendida
Saiu-lhe a sorte, mesmo que não a "grande". E tinha sido sempre ousada, o que muitos da pacatilândia chamariam "louca". Mas desde que decidiu sossegar, sem se dar conta incorporou os receios deles. Fingir-se desentendida foi a única saída possível. E passou-lhe ao lado.
proibido
Sem tirar nem pôr - era a tirar sem pôr. E sempre à espera de um fim. Que, de tanto receado, se tornou íntimo, quase desejado. Se estava tudo bem, mais uma razão para ansiar um termo, já que proibido passou a ser acreditar que aquele bem pudesse ficar.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
apesar de si
A alma humana, essa coisa afinal nem por isso tão complicada.. Apenas quando se esforça por isso. Mas porque se define - sempre que solta um gemido, um suspiro, um protesto, afasta o olhar, deixa cair uma lágrima ou esboça um sorriso - trai, apesar de si, a aragem ligeira, mas persistente, que insiste, teimosa, em se libertar da tal prisão que no corpo imita forma.
assim-assim
Se quisesse. E quer. Pouco. Quase nada. Quietude, mais. Não foi longe, mas por ali ficou. Onde sempre esteve, afinal, trazia um travão. Desculpas, arranjou-as facilmente, cautelosamente embrulhou e delas fez um altar. E vive assim-assim. Sem conseguir sossegar.
longe de si
Está perto. De tudo aquilo que a assusta. Assim, como uma criança pára como morta diante de um leão. Apesar da jaula. A fera sabe que está presa, ela não. E fica longe de si, muito perto do medo. Desta vez não vai arriscar. Já é tarde. Antes, era cedo demais.
máscaras
Esconde-se atrás de jogos de máscaras. Camufla o que sente. Finge. Foge.
"Julgaste conhecer-me? Nunca me hei-de revelar. Não saberás o que sinto, não me terás nas tuas mãos. Não me julgues garantida, nem me creias entregue."
Tem medo. De se magoar..
"Julgaste conhecer-me? Nunca me hei-de revelar. Não saberás o que sinto, não me terás nas tuas mãos. Não me julgues garantida, nem me creias entregue."
Tem medo. De se magoar..
sem defesas
Aquilo tinha estagnado há muito. Nunca quis ver. Quando estava ainda dentro e embalada, já ele lhe tinha dito que seria ela a minar e dar cabo de tudo, com o vício da suspeição. O sentido de humor teria sido válvula de escape, mas receava tanto o ridículo que deitou tudo a perder. Quando o fel se entornou, não tinha antídoto.
melhor que nada
A tristeza servia-lhe melhor. E irritava-a, que tivessem pena dela. Primeiro, porque tinha sede de carinho e o severo estoicismo que se impunha a secava por dentro. Segundo, porque essa fraqueza a levava a desprezar-se e a quem lhe mostrasse compaixão. A solidão servia-lhe melhor.
confusa
Andou por ali, à procura de si própria. Outra vez. E mais um fulano que cruzou. A história do costume, o engano riscado. Embrulhou-se. Quase. Não fora o outro, que - nem sequer porque um anjo, mais por malícia, apenas pouco por dela ter pena - decidiu cortar as vasas ao tal. Como tem o coração à flor da pele, caiu em si. E era vê-la triste, mais autêntica.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
hesitações
Conheceu carinho, entrega, gestos bons, lealdade, palavras francas. Foi igualmente provada na rejeição, experimentou frio, medo e desamor. Viciou-se na solidão. Como quem se aloja numa gruta, coração assustado a bater contra a rocha. E nem ela sabe já se fazia sol, no dia quando ali se enclausurou.
vertigem
Nem sempre as coisas são como parecem. Mas como acredita mais simples que assim sejam, constrói de há muito um labirinto. Pouco é aquilo que ali bate certo e a estrutura oscila permanentemente, pronta a desabar. Mas habituou-se à vertigem e tem-na como segurança, de tanto a conhecer.
à sede
Assim. Como plantada. Mas sem deitar raízes. É que quando as tinha ainda tenras.. arrancaram-na. E agora vive à mingua, torturada pela sede, entre a ânsia de ficar e o medo de mudar.
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