sábado, 24 de dezembro de 2011

Romantismo aplicado

Saída do abrigo
desorientada
apressada
caprichos esquecidos
passos pequenos

queria e já não
tocada, agora recomposta
acendeu
uma chama
que pretende ignorar
e passou a desprezar

Tem uma agenda
prazos
metas
condicionantes
Mas até se acha romântica

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

comunidade de pensamento plural

Quarantotto - Tendo contestado todas as definições de Direita dadas por outros, só te resta dizer a tua. O que é a Direita?

Prezzolini - É o conjunto das Direitas, das que recordámos e das que esquecemos.
Não há ‘uma’ Direita, mas sim várias Direitas. Esse facto, ao contrário de ser reducionista, faz da Direita uma comunidade de pensamento plural. As Direitas, por mais antagónicas que se julgem ser, conhecem o que as une, embora, à primeira vista, pareçam sempre desunidas.

entrevista de Cláudio Quarantotto a Giuseppe Prezzolini (1882-1982)

Requiem por Jan Palach

Arde o coração de Praga
Arde o corpo de Jan Palach!
Podemos dizer que o rei Wenceslau
também viu crescer o fogo em que arde o coração de Praga.
João Huss, queimando o seu corpo,
também arde na praça de Praga.
E os cavaleiros da Boémia, o povo
e os grão senhores, os menestréis
e os cantores da Morávia,
os operários de Pilsen, os poetas
e os camponeses da Eslováquia,
todos ardem, nessa tarde e nessa praça…

Queimamos a coragem e o heroísmo,
queimamos a nossa infinita resistência
Não é verdade, soldado Schweick?

Eles vieram das estepes e disseram
É proibido morrer pela Pátria!
É proibido resistir à ocupação,
É proibido não ceder à opressão,
É proibido amar os campos verdes do seu país,
É proibido amar o verde da Esperança,
É proibido amar a Esperança!

És proibido, Jan Palach,
És proibido, Jan Palach,
Estás proibido de resistir
Estás proibido de morrer!

Eles vieram das estepes e disseram todas estas palavras.
Mas também é verdade que disse um dia
o Rei Wenceslau montado em seu cavalo
Esta nossa terra será fértil
e nela crescerão livres os dias e os séculos,
e nela crescerão livres as virgens, as mães e os filhos
e crescerão livres as flores
e de entre essas flores virão rosas,
virão rosas livres cobrir a terra de Jan Palach!

Arde o corpo de Jan Palach
Arde o coração de Praga
Arde o corpo do Futuro
e já canta a Primavera!

José Valle de Figueiredo

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

desentendida

Saiu-lhe a sorte, mesmo que não a "grande". E tinha sido sempre ousada, o que muitos da pacatilândia chamariam "louca". Mas desde que decidiu sossegar, sem se dar conta incorporou os receios deles. Fingir-se desentendida foi a única saída possível. E passou-lhe ao lado.

proibido

Sem tirar nem pôr - era a tirar sem pôr. E sempre à espera de um fim. Que, de tanto receado, se tornou íntimo, quase desejado. Se estava tudo bem, mais uma razão para ansiar um termo, já que proibido passou a ser acreditar que aquele bem pudesse ficar.

the savings of millions

terça-feira, 20 de setembro de 2011

apesar de si

A alma humana, essa coisa afinal nem por isso tão complicada.. Apenas quando se esforça por isso. Mas porque se define - sempre que solta um gemido, um suspiro, um protesto, afasta o olhar, deixa cair uma lágrima ou esboça um sorriso - trai, apesar de si, a aragem ligeira, mas persistente, que insiste, teimosa, em se libertar da tal prisão que no corpo imita forma.

muitos séculos

Sorriu. Riu-se, até. Nada para além disso. São muitos séculos de vida com grunhos..

realidade

Nem cinismo nem ilusão. Na realidade está a salvação.

assim-assim

Se quisesse. E quer. Pouco. Quase nada. Quietude, mais. Não foi longe, mas por ali ficou. Onde sempre esteve, afinal, trazia um travão. Desculpas, arranjou-as facilmente, cautelosamente embrulhou e delas fez um altar. E vive assim-assim. Sem conseguir sossegar.

longe de si

Está perto. De tudo aquilo que a assusta. Assim, como uma criança pára como morta diante de um leão. Apesar da jaula. A fera sabe que está presa, ela não. E fica longe de si, muito perto do medo. Desta vez não vai arriscar. Já é tarde. Antes, era cedo demais.

máscaras

Esconde-se atrás de jogos de máscaras. Camufla o que sente. Finge. Foge.
"Julgaste conhecer-me? Nunca me hei-de revelar. Não saberás o que sinto, não me terás nas tuas mãos. Não me julgues garantida, nem me creias entregue."
Tem medo. De se magoar..

Refined people


"Refined people like me should wear brands like Lacoste"
Anders Behring Breivik

sem defesas

Aquilo tinha estagnado há muito. Nunca quis ver. Quando estava ainda dentro e embalada, já ele lhe tinha dito que seria ela a minar e dar cabo de tudo, com o vício da suspeição. O sentido de humor teria sido válvula de escape, mas receava tanto o ridículo que deitou tudo a perder. Quando o fel se entornou, não tinha antídoto.

melhor que nada

A tristeza servia-lhe melhor. E irritava-a, que tivessem pena dela. Primeiro, porque tinha sede de carinho e o severo estoicismo que se impunha a secava por dentro. Segundo, porque essa fraqueza a levava a desprezar-se e a quem lhe mostrasse compaixão. A solidão servia-lhe melhor.

confusa

Andou por ali, à procura de si própria. Outra vez. E mais um fulano que cruzou. A história do costume, o engano riscado. Embrulhou-se. Quase. Não fora o outro, que - nem sequer porque um anjo, mais por malícia, apenas pouco por dela ter pena - decidiu cortar as vasas ao tal. Como tem o coração à flor da pele, caiu em si. E era vê-la triste, mais autêntica.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

hesitações

Conheceu carinho, entrega, gestos bons, lealdade, palavras francas. Foi igualmente provada na rejeição, experimentou frio, medo e desamor. Viciou-se na solidão. Como quem se aloja numa gruta, coração assustado a bater contra a rocha. E nem ela sabe já se fazia sol, no dia quando ali se enclausurou.

vertigem

Nem sempre as coisas são como parecem. Mas como acredita mais simples que assim sejam, constrói de há muito um labirinto. Pouco é aquilo que ali bate certo e a estrutura oscila permanentemente, pronta a desabar. Mas habituou-se à vertigem e tem-na como segurança, de tanto a conhecer.

à sede

Assim. Como plantada. Mas sem deitar raízes. É que quando as tinha ainda tenras.. arrancaram-na. E agora vive à mingua, torturada pela sede, entre a ânsia de ficar e o medo de mudar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tapete Vermelho

Um rectângulo
no chão.
Ela parada.
Nem p'ra trás
nem p'rá frente.
Anda, põe o pé..
Não diz nada.
Os olhos negros,
lindos..
E aquele olhar,
selvagem,
tem tanto
de teimosia
quanto de medos
irracionais.
Colaram-se-lhe
os dois pézinhos
à terra.
Ao chão.
Só ela sabia,
se porque
o tapete
que tinha diante de si
era vermelho.
Já não se lembra..
Os medos são os mesmos.
E a teimosia.
Quarenta e tal anos
passados.

domingo, 21 de agosto de 2011

predadora perdedora

Afastada pelos homens
afastou de si os homens.
Não reconhece
nem a si própria
a tensão
a solidão
os receios
a ansiedade
o desejo
de companhia
e segurança.
Não poderia ser
resignada
Não suportaria
sentir-se
humilhada.
Tem que ser ela a ditar
as regras.
Até porque os tempos
são outros
e somos
todos iguais.
Toma a iniciativa
quase como um homem.
Parte na noite
como predadora.
Sofre
sem dar parte de fraca
porque é duro
ser
perdedora.

doces mentiras

Desejou outra vez mentiras que já conhecia. Acelerou o fim e partiu para outra, viciada nas doces mentiras. Até que se deu a conhecer e acabou no beco das inseguranças com a voz dele em eco a apontar-lhe injustiças. Fugiu outra vez.

o único jogo

Não o pode confessar a ninguém. Faz o único jogo que pode jogar. Defende que a mulher é igual ao homem e pode fazer exactamente o mesmo. Pois pode. O que não pode é admitir que fica a perder. Nem que, a eles, estas conquistas do feminismo servem muito bem.

mediu

Mostrou interesse. Sem rodeios. Ela confundida. Achou até que devia mostrar-se espantada. Não podia entregar-se assim. Teria que ter bebido muito mais. E por tanto cálculo, ficou sem conhecer os resultados. Estava demasiado apegada àquele cais, para arriscar conhecer o mundo.

janela

Andava à procura de uma porta. Encontrou uma fechada. Aproximou-se e afastou-se uma e outra vez, em silêncio. Diante daquela porta pequena, como se o mundo atrás dela tivesse deixado de existir. Ele: "Quer mesmo entrar? Está fechada.." Afinal o sorriso dela era a janela que ele procurava.

não me viu

O pequeno passou por ele a correr. Não saberia dizer o que mais o comovia, naquele encontro - se o sorriso confiante da criança, o traço conhecido de tristeza no olhar, a memória crua dos dias passados, ou a consciência de estar em presença de si próprio, tantos anos depois.

pose

Saber
ou assim crer
bem calcular
sem se entregar
fingir somente
...encenar
e a sede,
a paixão,
a amizade, até,
fazer pose
com o coração..
E de tanto praticar
este fingimento cruel,
está transformada
em escultura de gelo.
Linda, distante, imponente..
e preenchida
deste vazio que na alma
lhe escavou
o medo
que tem
de viver tudo.
Deixa-se tocar,
mas na pele tem
os anti-corpos
que me hão-de
matar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

vazia

Deixei uma mão
vazia
estendida
na rua
à tua porta.
A outra,
escondi-a.
Para não se ver
que não tenho nada.

Que triste
é agora
o teu olhar,
espelho
dessa parede
morta
onde te procuras
refugiar.

E nós?
Somos inimigos?
- deixa-me perguntar..
Estranhos, talvez?
Ou fingimos ambos
tontos
não sofrer
nem esperar?

mesmo a fingir

E se a terra assim fosse,
fosse o que fosse,
poderia parar,
não fugir
de um lado para o outro.
Mas teria mais de mim
para dar
quando passasses?..
E não sentes
o vazio
a roçar-te a pele
por dentro?
Ai, eu sinto..
Mas a quem dizê-lo?
Que de torturas mais
me espera a sorte?
A que outra terra
me entrega
a morte?

Se a terra assim fosse,
fosse o que fosse,
onde estarias tu?
Virias a correr,
se te dissesse
que vou morrer?
Estarias por perto?
Ias deixar-me ver os teus olhos,
uma primeira vez
e a última?
Dirias: "Não te conheço,
e a vida assim é,
seja o que for.."
Não sentes tu
ao menos
esta lâmina
que corta fria
nas carnes
sem dó,
nem o sangue quente
discreto
a verter?

Então diz-me
só,
mesmo a fingir,
que a terra é mais que isto
sendo o que é.
E passa por mim
um instante,
deixa-me ver
se me enxergo
ainda
vivo
reflectido
nos teus olhos.
Mesmo a fingir..
Para conseguir
existir.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

arde

A loucura é dor. Tem de medo, solidão, paixão e amor. É uma alma desalmada. Tremor, frio e labaredas. É querer tudo. É nada aceitar. É andar às arrecuas encostado a uma parede. É ter os olhos cheios de sonhos numa casa sem janelas. É suicídio adiado. É já não saber dizer: "Porque não me vês?"

fechou

Presa. E não tem a quê.. Teme. E não tem o quê. Sofre. E não tem porquê. São hábitos.. É o fim de uma vida? As portas estão todas fechadas? E amanhã? Já está tudo escrito? Ou fechaste o futuro?..

véu

No olhar uma cortina. Os lábios sorriem, mas os olhos já só encenam. Ensombrados.. É dor? Donde vem essa amargura? Quem te magoou? Onde nasce esse temor?. Encontrei uma concha fechada na praia..

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

zona escura

Na penumbra,
fazes teus medos e fantasmas,
antigos os mesmos.
Agasalhas-te de frio e gelo,
hesitas e recuas.
Maquinalmente, agarras a segurança
garantida
pela memória de mágoas guardadas,
de erros e carrascos passados..

Conheces o odor abafado da rotina,
sussuro de casa mortuária.
E não arriscas.
Petrificada, não apercebeste
aquele instante quando
o fascínio de reviver a morte velha
e os demónios,
eclipsou a paixão de descobrir
mais fundo alguém
que mal conseguiste etiquetar..

Esse relógio que contemplas,
bate agora ao ritmo
do teu coração assustado.
O tique-taque perverso diz-te
só o mesmo
e nada desejas de novo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

baby let's be friends

I can't come up with a better plan
Put your fingers in my hand
Baby let's be friends

quarta-feira, 27 de julho de 2011

podia ter sido tão diferente

Começaram por desconfiar um do outro. E já não conseguiram esperar o suficiente para descobrir que podiam confiar.

serve

Disposta a usar da liberdade, não queria esquecer os filhos. Cozinhou assim um modelo duplo: em casa, tudo sob controle e filhos cuidados, um nível económico sem constrangimentos assegurado, assente na firma que nunca descuidava; na outra face da lua, fazia-se predadora e ia sacando um tipo para uma noite. E lá se ia equilibrando, nesta corda bamba. Bastava-lhe apenas fazer, de cada vez, aquele esforço violento de açaimar o coração, quando este sucumbia à ânsia de ter um companheiro ao seu lado, um pai para os filhos. A eles, o modelo servia que nem uma luva..

terça-feira, 26 de julho de 2011

tudo dito

Durante aquele quarto de hora, falaram de coisas muito práticas - o tempo instável, a crise e o governo, o mau serviço da Carris, a obra do tal pintor, e que calor que está, a avó que está doente e o amigo quer emigrar.. Nos olhos, iam fazendo outras perguntas. E disseram-se, em quinze minutos, todos os "sim" e todos os "não"..

tocada

Quanto mais o ar assustado dela o intrigava, mais ela, espantada, se assustava. Ele cada vez mais atraído, ela cada vez mais paralisada.

o silêncio

O silêncio tem de si que menos à palavra incentiva que ao calar..
já que seduz com o ruído das vozes que sem ele não ouviríamos..
E descambar pode este encanto facilmente,
no abismo onde emboscadas nos esperam memórias
que fortes são, de já vividas,
e por isso cativam, numa morte embriagada.

casulo

Tece um casulo. Nele encerrada, pacientemente lhe reforça as paredes, com memórias passadas, fio a fio. E quanto mais opaco se torna, menos ela na luz acredita. Faz-se o fio mais forte e aderente. Sente confirmadas as razões do desespero e sofre, contente: "Não disse?"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

it's no joke

equilibrismo

Sabia que podia espevitar-lhe o apego deixando-a acreditar que mantinha casos em paralelo. Fácil, pois a ela um sms ou um telefonema doutra mulher bastavam para que sentisse confirmadas todas as suspeitas que a atormentavam. Mas este era um artifício de equilibrismo delicado, pois à força de tanto suspeitar, a necessidade de descansar do ciúme começava a ser nela maior que o desejo de o ter.

domingo, 24 de julho de 2011

je te préviens

nada feito

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

(comunicado pelo Engenheiro Naval Sr. Álvaro de Campos em estado de inconsciência alcoólica)

sábado, 23 de julho de 2011

A bout

já sabia

Juntos há uns meses era como se o tivessem estado anos. A proximidade assustava-a. Nunca soube acreditar que algo bom durasse. E começou a procurar, por vício, confirmações para esta inquietação. Veio-lhe em socorro o velho demónio da suspeição.

found a bug in your software

Conquistou-a absolutamente predador. Quando ela se apercebeu, ele já a tinha escolhido e seduzido. Depois saboreou-a prostrada, entregue, apaixonada. E começou a deixar-se prender, decisão consciente. Quis jogar fair. Mas ela queria um patife.

sem pé

Pô-lo uma vez mais na rua. E rendeu-se-lhe assim que ele lhe bateu de novo à porta. Se ao menos fosse bruto com ela.. Chegou a ser agressiva. Mas não esperava que ele percebesse que toda aquela fúria e ódio traíam a paixão que a consumia.

burka

Tanta coisa que ele não soube adivinhar nela. Dizia e fazia sempre outra coisa, esperando que ele soubesse fazer-se uma tradução a cada passo. Mas a ambição nunca a deixou explicar o que sentia, queria e desejava. Receava que, se ele chegasse a decifrá-la, passaria a saber fazê-la feliz. E então nunca mais lhe saberia fugir.

prisioneira

Receou sempre que ele pudesse estar a enganá-la. Mas não sabia resistir quando lhe repetia que é linda. O que mais lhe custava era a consciência de um estado de submissão que lhe era feliz. Não queria sequer saber se mentia. Mas mesmo que quisesse conhecer a verdade, seria incapaz - dotada de forte intuição e perspicácia, ei-la agora vítima do velho vício de suspeição. Encurralada entre o mel e o veneno..

não admite

Quando deixou de alcançar, sentiu-se despeitada. Teve que rapidamente encontrar um pretexto. É-lhe insuportável a posição de satélite.

Ó rama, ó que linda rama

Hoje vi uma allumeuse. Mais uma..

ferida de morte

Prometeu a si própria não se deixar apaixonar. Uma vez mais. Nunca mais. Antes sozinha com os mesmos cigarros, unicamente concedendo a si própria a fraqueza de ir para a cama com o primeiro, sempre que bebe um copo a mais, do que sentir-se ferida de morte e desfalecida, vítima do amor, entregue, vulnerável. Desta vez foi muito mais difícil fugir - este tratou-a sempre bem demais. Odeia ser apanhada a fazer batota.

no more in touch

Está num impasse. Fez 45. Sabe que eles o querem cada vez mais brutal, enquanto a ela desperta cada vez menos interesse. She´s no more in touch with her body..

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Cemetery People

Frontier Psychiatrist



"Is Dexter ill, Is Dexter ill, Is Dexter ill
Is Dexter ill today?", "Mr Kirk, Dexter's in school"
"I'm afraid he's not, Miss Fishborne
Dexter's truancy problem is way out of hand
The Baltimore County school board have decided to expel
Dexter from the entire public school system"

"Oh Mr Kirk, I'm as upset as you to learn of Dexter's truancy.
But surely, expulsion is not the answer!"
"I'm afraid expulsion is the only answer.
It's the opinion of the entire staff that Dexter is criminally insane"

"That boy needs therapy", "Psychosomatic"
"That boy needs therapy", "Purely psychosomatic"
"That boy needs therapy",
"Lying down on the couch", "What does that mean?"
"You're a nut! You're crazy in the coconut!"
"What does that mean?" "That boy needs therapy"
"I'm gonna kill you", "That boy needs therapy"
"Grab a kazoo, let's have a tune.
Now when I count three"
"That, that, that, that, that boy.. boy needs therapy"
"He was white as a sheet"
"And he also laid false teeth"

"Avalanches is above, business continues below"
"Did I ever tell you the story about..."
Cowboys! Mid, Mid Midgets and the Indians and, Fron, Frontier Psychiatrist
I... I felt strangely hypnotised
I was in another world, a world of 20.000 girls
And milk! Rectangles, to an optometrist, the man with the golden eyeball
And tighten your buttocks, pour juice on your chin
I promise my girlfriend I'd... the violin, violin, violin ...

Frontier Psychiatrist
Frontier, frontier, frontier,
Frontier Psychiatrist
Frontier,
Frontier Psychiatrist

"That boy needs therapy", "Psychosomatic"
"That boy needs therapy", "Purely psychosomatic"
"That boy needs therapy"
"Lying down on the couch", "What does that mean?"
"You're a nut! You're crazy in the coconut!"
"What does that mean?" "That boy needs therapy"
"I'm gonna kill you", "That boy needs therapy"
"Grab a kazoo, let's have a tune.
Now when I count three"
"That, that, that, that, that boy.. boy needs therapy"
"He was white as a sheet"
"And he also laid false teeth"

Frontier Psychiatrist

"Can you think of anything else that talks, other than a person?"
"Uh ohh... uh oh, "A bird!" "Yeah!"
"Sometimes a parrot talks."
"Hellow, hellow, hellow" Ha ha ha ha ha !!!!
"Yes, some birds are funny when they talk
Can you think of anything else?"
"A record, record, record !"

domingo, 22 de maio de 2011

Here Come The Girls



"I can live without coffee, I can live without tea, and I'm leery bout the honey bee/A Philly steak, I can leave or take, but the girls are a part of me."

sexta-feira, 22 de abril de 2011

E agora o que é que eu faço?

Nós falamos em verso

Eis uma autêntica pérola, do melhor que tenho ouvido, para que ninguém nunca mais se atreva a dizer que a língua portuguesa não é para ser cantada. Senhoras e senhores, Pedro d'Orey:

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A princesa de Clèves cometeu um erro ...proustiano

A promessa dada ao marido em vida ganha as trágicas proporções de um delírio de orgulho quando a princesa de Clèves decide cumpri-la para com um morto, obedecendo a uma lei que só existia na sua mente escrupulosa. M. de Clèves não estava no direito de lhe exigir que recusasse o duque de Nemours depois da sua morte, nem ela de cumprir tal desejo, em memória de um defunto, contra o amor que sentia por um homem vivo.
Um erro com sabor a Proust: embriagado pela dança de cemitério com a visão da avó, o narrador de mestre Marcel receia tudo o que possa transformá-lo numa pessoa diferente daquela que a avó conhecera, desejaria ser ele próprio cadáver petrificado, coluna de sal com o olhar para sempre fixo na avó defunta de um passado morto, teme que o pulsar indomável e imprevisível da vida - sejam a alegria de um simples passeio num dia de Primavera, ou o desejo físico pelo corpo vivo de Albertine - ameace a quietude do culto idólatra do "regret pour nos morts" e de "ce qu'ils ont aimé".
Mas tal como a avó do narrador, que lhe tornava possível o sexo seguro, previsível, de um incesto de infantil candura, não passava de "un simple écho de mes paroles" e "le reflet de ma propre pensée", assim também a regra que levou a princesa de Clèves a fechar-se numa torre muralhada longe dos olhos do duque de Nemours não era mais do que a sombra fantasma do marido que tinha enterrado. Madame de Clèves cometeu o engano fatal de se impor uma perfeição mais perfeita que a de Deus ele próprio. Levando ao extremo este erro, encerrou-se num convento, uma decisão que não podia ser mais contrária ao amor, assim duplamente atraiçoado - não se entra para um convento para fugir do amor, mas para ir ao encontro dele, quando o amor que arrebatou um coração está vivo dentro duma cela e o seu chamamento é irresistível (que o diga Thérèse Martin e tantas outras).
Foi de profunda sabedoria aquilo que disse M. de Nemours à princesa de Clèves: "Vous seule vous opposez à mon bonheur; vous seule vous imposez une loi que la vertu et la raison ne vous sauraient imposer". Seria ainda mais acertado dizer: "Vous seule vous opposez à notre bonheur".

La Princesse de Clèves (1961)




La Princesse de Clèves (1961)
Réalisation: Jean Delannoy
Acteurs principaux: Marina Vlady (princesse de Clèves), Jean-François Poron (duc de Nemours), Jean Marais (prince de Clèves)
Scénario: Jean Cocteau & Jean Delannoy
Musique:Georges Auric
Décors:René Renoux
Costumes: Pierre Cardin & Marcel Escoffier
Photographie: Henri Alekan
Montage: Henri Taverna
Production: Robert Dorfmann
Sociétés de production : Silver Films (France), Enalpa Film (Italie), Produzioni Cinematografiche Mediterranee (Italie)

quinta-feira, 17 de março de 2011

La Belle Dame sans Merci



Words : John Keats (1795-1821)
Music : Charles Villiers Stanford (1852-1924)
Tenor : Ian Bostridge
Piano : Julius Drake


Oh what can ail thee, knight-at-arms,
Alone and palely loitering?
The sedge has withered from the lake,
And no birds sing.

Oh what can ail thee, knight-at-arms,
So haggard and so woe-begone?
The squirrel's granary is full,
And the harvest's done.

I see a lily on thy brow,
With anguish moist and fever-dew,
And on thy cheeks a fading rose
Fast withereth too.

I met a lady in the meads,
Full beautiful - a faery's child,
Her hair was long, her foot was light,
And her eyes were wild.

I made a garland for her head,
And bracelets too, and fragrant zone;
She looked at me as she did love,
And made sweet moan.

I set her on my pacing steed,
And nothing else saw all day long,
For sidelong would she bend, and sing
A faery's song.

She found me roots of relish sweet,
And honey wild, and manna-dew,
And sure in language strange she said -
'I love thee true'.

She took me to her elfin grot,
And there she wept and sighed full sore,
And there I shut her wild wild eyes
With kisses four.

And there she lulled me asleep
And there I dreamed - Ah! woe betide! -
The latest dream I ever dreamt
On the cold hill side.

I saw pale kings and princes too,
Pale warriors, death-pale were they all;
They cried - 'La Belle Dame sans Merci
Hath thee in thrall!'

I saw their starved lips in the gloam,
With horrid warning gaped wide,
And I awoke and found me here,
On the cold hill's side.

And this is why I sojourn here
Alone and palely loitering,
Though the sedge is withered from the lake,
And no birds sing.