terça-feira, 22 de julho de 2014

minha

Ter-te
perto, próxima
colada à pele
enfiada, repousada
sentir-te
horas seguidas
pulsar, respirar
contemplar-te
os olhos
dilatados, extasiados
inundados de pavor
enlouquecidos de ardor
submissos
pacificados
Ter-te
minha

inquietação

Concentrado em metas
fixas, certas, seguras
desinquieta-se
um coração
abalroado pelas surpresas
com que a vida
desafia cálculos sensatos

Antes peça
seca
de museu
fórmula de equilíbrio
pesada, medida,
que arrastada na paixão
- sussurra,
em sobressalto,
a folha verde
no vendaval
arrebatada

equilíbrio

porque me escapas
corpo
revolta dos ossos meus
impaciência da carne
viva? 

Foste assim
pensado, criado?
És assim abençoado?
E calas sempre,
negas respostas,
guardas segredos..
onde traças fronteira
entre liberdade
e submissão?
onde cumpres promessas
de intimidade? 

Que Deus te criou,
que assim me arrastas
em fascínio,
delírio? 

Longe de ti
teria há muito
em domínio
a perfeição que me roubas
Máquina cruel
seria

refém

Fiz teu
o meu corpo
a alma
tua refém
estive a saque
confundi
rigor com virtude
Eis-me vazio
e morto de sede

comme ça

Des moments
on a des moments comme ça
quand
tout autour de nous
les toutes petites choses
sont à sa place