segunda-feira, 23 de abril de 2012
Stockholmssyndromet
Um pai
e um complexo de Elektra
Um autista
escondido
atrás de uma imagem
de génio
Perverteu
violou
os sentimentos
apoderou
a sensibilidade
tornou escrava
e cativa
Era só uma menina
esfomeada
de carinho
e sem mãe
que a protegesse
Insinuou-se
na intimidade
de uma alma escancarada
presa fácil
Sabia-se impune
Tinha-a por
indefesa
dependente
e propriedade
Se outros
podiam medi-lo
e perceber
desdenhar
humilhar
calar
afastar
Ela estava-lhe na mão
Dominador
Não hesita
perverter
Paralisou
atrofiou
uma filha
(estava justificado,
dizia não suportar crianças)
Deixou um ser coxo
enclausurada
trancada
nos calabouços
de uma paixão impossível
envenenada
Violada
na alma
nunca mais
soube olhar-se
nos olhos de um homem
entregar-se
acreditar ser amada
O carrasco
tem as chaves
daquele coração
É ali senhor
tirano
modelo
exemplo
meta
Confundida
no mais íntimo
Os homens magoam-na
por não serem
o pai
Quanto mais a amam
mais violenta a repulsa
(não pode abandonar-se,
está comprometida
com o carrasco)
Cresceu no
Stockholmssyndromet
Não pode ser mulher
enquanto
não matar
o pai
terça-feira, 17 de abril de 2012
agora não
Está ocupada
OCUPADA
com nada
Mas finge
vida de esfinge
dá-se ares
sopra apressada
parada
Tem tudo
em espera
mil afazeres
planos
projectos
Um grande livro
a escrever
se não morrer
adiado
desde que o sol
a viu nascer
Tem medo
merece carinho
e repouso
E chorar
choraria
se não estivesse
à espera
ocupada
de fazer nada
OCUPADA
com nada
Mas finge
vida de esfinge
dá-se ares
sopra apressada
parada
Tem tudo
em espera
mil afazeres
planos
projectos
Um grande livro
a escrever
se não morrer
adiado
desde que o sol
a viu nascer
Tem medo
merece carinho
e repouso
E chorar
choraria
se não estivesse
à espera
ocupada
de fazer nada
não dá
Não fala
e não responde
muda
desde que
lhe ficou
preso nas cordas
um sorriso
Mas largá-lo
nem pensar
tem-no seu
sente-o
na posse
Não sabe
(e será
que ainda aprende?)
que cativo
um sorriso
pesa na alma
e não responde
muda
desde que
lhe ficou
preso nas cordas
um sorriso
Mas largá-lo
nem pensar
tem-no seu
sente-o
na posse
Não sabe
(e será
que ainda aprende?)
que cativo
um sorriso
pesa na alma
desânimo
Cruel
pesada
a vida
que se mobila
no jazigo
Não vê
não sente
podia até
dizer
Bem-me-quer
Mas escolheu
fatal
assustada
chamar
a flor
Mal-me-quer
pesada
a vida
que se mobila
no jazigo
Não vê
não sente
podia até
dizer
Bem-me-quer
Mas escolheu
fatal
assustada
chamar
a flor
Mal-me-quer
domingo, 15 de abril de 2012
sábado, 14 de abril de 2012
e na falta tem abrigo
Calcorreia
pisando
a alma
parva
diante dela pasmada
Repisa
sem sentir
(e gemer
seria burro,
pois não há
mais fatal
que piedade
ou desdém,
à intimidade)
Inconsciência
consciente
maldade
por vício
vazio
e defesa
Sente que pisa
e que assim vive
Testa
põe à prova
sem poder
nunca trair
esperar
que não se afaste
Mas teme a si própria
sabendo
que bem pode
sucumbir
à compulsão
e não conseguir
articular um
"Fica"
Dois terrores
a consomem
desassossegam
entregar-se
sem reservas
e não saber
guardá-lo
Quem em calabouços
cresceu
beija-lhes
as paredes,
quem carinhos não teve
sente sua
a falta deles
pisando
a alma
parva
diante dela pasmada
Repisa
sem sentir
(e gemer
seria burro,
pois não há
mais fatal
que piedade
ou desdém,
à intimidade)
Inconsciência
consciente
maldade
por vício
vazio
e defesa
Sente que pisa
e que assim vive
Testa
põe à prova
sem poder
nunca trair
esperar
que não se afaste
Mas teme a si própria
sabendo
que bem pode
sucumbir
à compulsão
e não conseguir
articular um
"Fica"
Dois terrores
a consomem
desassossegam
entregar-se
sem reservas
e não saber
guardá-lo
Quem em calabouços
cresceu
beija-lhes
as paredes,
quem carinhos não teve
sente sua
a falta deles
com vista alegre
Sim, e porque, enfim,
tem nos pergaminhos
a segurança,
tudo demasiado pequeno
para ter onde
assentar os pés
e saber quem é
Mas que outra via,
querendo traçar fronteiras
em país de Liliput,
haveria,
senão erguer muros
a cortar a luz
para que claro fique
sermos nós,
que o vizinho, muito mais?
Ficaram
vã-glórias
ilusões acalentadas
em detalhe
e só
guerras e veneno
pois, mais que o nome
e admiração pelos antepassados,
contam
a cómoda, o anel, a moradia
e o Vista Alegre
tem nos pergaminhos
a segurança,
tudo demasiado pequeno
para ter onde
assentar os pés
e saber quem é
Mas que outra via,
querendo traçar fronteiras
em país de Liliput,
haveria,
senão erguer muros
a cortar a luz
para que claro fique
sermos nós,
que o vizinho, muito mais?
Ficaram
vã-glórias
ilusões acalentadas
em detalhe
e só
guerras e veneno
pois, mais que o nome
e admiração pelos antepassados,
contam
a cómoda, o anel, a moradia
e o Vista Alegre
domingo, 8 de abril de 2012
quando um dia
Quando o tempo te agarrar
pelas pernas
perras
quando as ilusões te deixarem
a sós
com a memória
de outros desencontros
Quando ecos
de presunções antigas
fizerem voz surda
com as sombras
de cálculos falhados
e o vazio
não admitir máscaras
Quando os fantasmas
tiverem esgotado
promessas impossíveis
e o silêncio
gritar o engano
de uma vida
mal apostada
Deixa que fale
a sede
em ti calada
tanto tempo
por medos algemada
de um toque
carinho e presença
pelas pernas
perras
quando as ilusões te deixarem
a sós
com a memória
de outros desencontros
Quando ecos
de presunções antigas
fizerem voz surda
com as sombras
de cálculos falhados
e o vazio
não admitir máscaras
Quando os fantasmas
tiverem esgotado
promessas impossíveis
e o silêncio
gritar o engano
de uma vida
mal apostada
Deixa que fale
a sede
em ti calada
tanto tempo
por medos algemada
de um toque
carinho e presença
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