E quando, diante dum portão
fechado
Um respirar se sustém
participando
da morte
como-que-fingida,
rasgado entre
a impaciência
de chamar à vida
e o receio
de recusa
Passa uma vida
e cada segundo
é agonia
cadafalso imortalizado
A rocha em areia
se desintegra
em pó fino
desfeita
São só perguntas
e todas
no silêncio
ouvem
não
São só campas novas
num jazigo
em obras
desventrado
É espera
sem promessas
sequer alivada
cega
É dor ténue
presente
que protesta
quando quer
Tortura
vândala, imberbe
feita
senhora e rainha
Dores de um parto
recusado
costas voltadas
a terras ao céu abertas
Um grito
não traz eco
A sinceridade foi banida
Inverno eterno decretado
Há um caminho
e bastaria
um passo, uma chama
que não se faz sem entrega
A morte
aqui
mascara-se
de vida quieta
Sempre me disseram que "quem cala consente" mas tu no silêncio ouves recusas.
ResponderEliminarGosto muito de uma vida quieta e não me agrada que a morte a use como disfarce. Uma vida embalada pelo tic-tac de um pêndulo é calma, quase quieta, mas ainda não deu lugar à morte.
Não é vida quieta, se se mascara assim. Parada, de tão inquieta.
EliminarPor vezes é bom parar um bocadinho. Sem ficar preso a essa ausência de movimento para sempre, deixar para depois pode trazer benefícios. Adiar, não é sempre mau...
EliminarE lá vais dando corda ao relógio.. :)
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