sábado, 21 de julho de 2012

adia

E quando, diante dum portão
fechado
Um respirar se sustém
participando
da morte
como-que-fingida,
rasgado entre
a impaciência
de chamar à vida
e o receio
de recusa

Passa uma vida
e cada segundo
é agonia
cadafalso imortalizado

A rocha em areia
se desintegra
em pó fino
desfeita

São só perguntas
e todas
no silêncio
ouvem
não

São só campas novas
num jazigo
em obras
desventrado

É espera
sem promessas
sequer alivada
cega

É dor ténue
presente
que protesta
quando quer

Tortura
vândala, imberbe
feita
senhora e rainha

Dores de um parto
recusado
costas voltadas
a terras ao céu abertas

Um grito
não traz eco
A sinceridade foi banida
Inverno eterno decretado

Há um caminho
e bastaria
um passo, uma chama
que não se faz sem entrega

A morte
aqui
mascara-se
de vida quieta

4 comentários:

  1. Sempre me disseram que "quem cala consente" mas tu no silêncio ouves recusas.
    Gosto muito de uma vida quieta e não me agrada que a morte a use como disfarce. Uma vida embalada pelo tic-tac de um pêndulo é calma, quase quieta, mas ainda não deu lugar à morte.

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    1. Não é vida quieta, se se mascara assim. Parada, de tão inquieta.

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    2. Por vezes é bom parar um bocadinho. Sem ficar preso a essa ausência de movimento para sempre, deixar para depois pode trazer benefícios. Adiar, não é sempre mau...

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    3. E lá vais dando corda ao relógio.. :)

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