sábado, 30 de junho de 2012

ludibrium

E procuras o quê
entre vidas abertas?
Onde leva
esse correr?

Quem sonha
morrer
soma vidas
não quer ficar

Passa
furtivo
conquista almas
sofre a partida

Larga-me
e fica
Chegaste
sem avisar

Prova o bem
com o mal
encosta o céu
à parede

3 comentários:

  1. passando à frente toda a ilusão que o sr pároco consegue provocar e estimular, explica-me quem é que sonha morrer. A sério, juntar comboios e desejos de morte,pela recordação de algumas perdas que me traz, deixa-me muito preocupada.
    As ilusões são muito bonitas porque nos refrescam o dia-ahdia ultimamente passar por aqui tem sido um refresco para mim e um estímulo para a imaginação, não tenho deixado comentários porque não me quero impor na tua vida. Mas ultimamente pareces um bocadinho chateado, eu sei que os poetas não morrem de cada vez que o apregoam mas fiquei mesmo preocupada com a declaração do desejo de morte. Não consigo evitar, já vi demasiada gente decidir a sua própria morte .
    Não te zangues comigo, apaga isto se quiseres e escreve qualqquer coisa, não precisa de ser para mim escreve aqui para eu saber que estás bem e isso é coisa que não te passa pela cabeça.
    Levaste-me o sono, criatura da noite...

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    1. Não temas. E desejar a morte tem significados inteiramente diferentes, que dependem daquilo que esperamos encontrar depois dessa porta. Se é o vazio e trevas, se é o nada - sim, é inquietante, esse desejo. Se, porém, essa porta te liberta deste "vale de lágrimas", deste lugar onde impera a imperfeição e o incompleto, se essa porta te leva àquilo que aqui procuramos, àquilo que nos sustenta aqui mesmo que só vislumbrado ou em parte experimentado - então a morte é encontro e nascimento, libertação e plenitude. A morte é Vida. Se assim não fosse, que valor teria esta vida?
      Quanto aos comboios: a presunção e arrogância leva-nos a crer que deixando "passar" uma pessoa ou uma situação, outras virão ou as mesmas voltarão. Esquecemos que no cais da vida um comboio passa só uma vez. E que, de cada vez que não saltamos para dentro do comboio, contra aquilo que sentimos, aumenta a dificuldade em dar esse salto.

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    2. Óptimo ainda "habemos" pároco, deviam inventar fumo branco para os blogs.
      Libertação é um desejo legitimo, mas não voltes a expressar esse desejo com a palavra morte. Eu sei que os poetas não morrem de cada vez que usam essa expressão, mas a verdade é que quase todos os poetas que leio estão mortos.
      Desculpa, mas quando se ouve alguém repetir muitas vezes que tem esse desejo e não lhe damos muita atenção por pensar que é um devaneio, mas depois, como moramos numa terra onde passa um comboio real decobrimos que afinal era um desejo que se cumpriu, não é fácil acreditar que essa expressão é só subjectiva...temi um bocadinho, confesso.
      Vou ficar mais atenta ao próximo sermão do sr pároco, ou palavras de encantamento do Nosferatu. Se bem que a mim soam mais a desabafos de um homem comum, com uma vida comum, feita de dias bons e dias menos bons. *

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