sábado, 13 de agosto de 2011

mesmo a fingir

E se a terra assim fosse,
fosse o que fosse,
poderia parar,
não fugir
de um lado para o outro.
Mas teria mais de mim
para dar
quando passasses?..
E não sentes
o vazio
a roçar-te a pele
por dentro?
Ai, eu sinto..
Mas a quem dizê-lo?
Que de torturas mais
me espera a sorte?
A que outra terra
me entrega
a morte?

Se a terra assim fosse,
fosse o que fosse,
onde estarias tu?
Virias a correr,
se te dissesse
que vou morrer?
Estarias por perto?
Ias deixar-me ver os teus olhos,
uma primeira vez
e a última?
Dirias: "Não te conheço,
e a vida assim é,
seja o que for.."
Não sentes tu
ao menos
esta lâmina
que corta fria
nas carnes
sem dó,
nem o sangue quente
discreto
a verter?

Então diz-me
só,
mesmo a fingir,
que a terra é mais que isto
sendo o que é.
E passa por mim
um instante,
deixa-me ver
se me enxergo
ainda
vivo
reflectido
nos teus olhos.
Mesmo a fingir..
Para conseguir
existir.

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